Journal du Club des Cordeliers - STF inicia debate sobre marco temporal para demarcação de terras indígenas

STF inicia debate sobre marco temporal para demarcação de terras indígenas
STF inicia debate sobre marco temporal para demarcação de terras indígenas / foto: Evaristo Sa - AFP/Arquivos

STF inicia debate sobre marco temporal para demarcação de terras indígenas

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta quarta-feira (10), as deliberações sobre a Lei do Marco Temporal, que restringe a demarcação de terras indígenas, cuja proteção é crucial na luta contra o aquecimento global.

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As reivindicações dos povos indígenas sobre seus territórios no país são objeto de disputas com o poderoso agronegócio e seus aliados no Congresso Nacional.

O Congresso, de maioria conservadora, aprovou em 2023 uma lei que limita as reivindicações dos povos originários do Brasil às terras onde estavam presentes quando a Constituição foi promulgada em 1988.

Os indígenas consideram essa tese inadmissível e manifestaram seu repúdio durante a conferência climática da ONU, a COP30, realizada em novembro passado em Belém do Pará.

Eles argumentam que muitos povos autóctones foram expulsos ao longo da história de seus territórios ancestrais, especialmente durante a ditadura militar (1964-1985).

O STF analisará duas ações de inconstitucionalidade contra o texto e uma ação que defende sua validade.

Em 2023, o Supremo já havia declarado inconstitucional a tese do marco temporal, que naquela ocasião era defendida por uma autoridade ambiental do estado de Santa Catarina.

No mesmo ano, o Congresso incluiu a norma na legislação nacional, desafiando a decisão anterior do STF e o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Diante de um possível conflito de interpretações legais, o Supremo iniciou um processo de "conciliação".

Nos últimos meses, o ministro do STF Gilmar Mendes realizou cerca de 20 audiências com organizações indígenas e defensores da tese do marco temporal.

Desde as 14h desta quarta-feira, ele apresenta "um consenso mínimo" alcançado durante essas reuniões. Os outros ministros decidirão em sessões futuras se respaldam esse acordo.

A reunião do plenário foi inicialmente agendada como um encontro virtual, mas várias organizações indígenas exigiram que a discussão ocorresse na sede do STF em Brasília, com sua participação.

Muitos especialistas consideram que as reservas indígenas são um escudo contra o desmatamento e os incêndios.

Os setores conservadores do Congresso insistem em manter o marco temporal e aprovaram na terça-feira, no Senado, uma emenda para que a tese seja incluída na Constituição. O texto ainda precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados.

M.Meunier--JdCdC