Journal du Club des Cordeliers - Frágil cessar-fogo vigora entre Irã e Israel após 12 dias de guerra

Frágil cessar-fogo vigora entre Irã e Israel após 12 dias de guerra
Frágil cessar-fogo vigora entre Irã e Israel após 12 dias de guerra / foto: JACK GUEZ - AFP

Frágil cessar-fogo vigora entre Irã e Israel após 12 dias de guerra

Um frágil cessar-fogo entre Irã e Israel entrou em vigor nesta terça-feira (24), após 12 dias de guerra e bombardeios dos Estados Unidos a instalações nucleares da República Islâmica.

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O presidente americano Donald Trump afirmou que o cessar-fogo "já está em vigor" e acusou os dois países, em particular Israel, de violar a trégua.

Tanto o Irã quanto Israel prometeram que "responderiam" a qualquer violação da trégua.

Até as 7h45 GMT (4h45 em Brasília) de terça-feira, não houve nenhum alerta em Israel. E no Irã, o Exército relatou pela última vez ataques israelenses às 5h30 GMT (2h30 de Brasília).

Israel foi o primeiro a anunciar que havia aceitado a proposta de cessar-fogo americana e afirmou que "todos os objetivos" da guerra, cuja meta declarada era neutralizar o programa nuclear iraniano, foram alcançados.

O Irã comemorou uma "vitória" e afirmou ter forçado seu inimigo a "encerrar unilateralmente" o conflito e advertiu que se manteria em "alerta".

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, prometeu respeitar o cessar-fogo, desde que Israel faça o mesmo.

A República Islâmica "foi forçada a entrar em conflito militar para se defender, e espero que nunca mais sejamos forçados a lutar", disse o presidente durante um telefonema ao colega dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed.

O presidente iraniano insistiu que Teerã não busca desenvolver armas nucleares, mas "apenas fazer valer seus direitos legítimos".

- "Cessar-fogo genuíno"-

A China, aliada do Irã, de onde importa petróleo, afirmou apoiar Teerã na obtenção de um "cessar-fogo genuíno".

Em 13 de junho, Israel lançou uma onda de ataques aéreos contra o Irã, acusando-o de buscar armas atômicas. Teerã, que nega e defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil, lançou, por sua vez, mísseis e drones contra o território israelense.

Na manhã desta terça-feira, sirenes soaram novamente no norte de Israel, embora o Irã tenha negado disparar mísseis após o anúncio do cessar-fogo. Uma fonte militar israelense disse à AFP que o Irã disparou dois mísseis, que foram interceptados.

O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, garantiu que seu país "responderá com firmeza à violação do cessar-fogo pelo Irã", embora logo depois seu governo tenha dito que "se absteve" de realizar novos ataques após uma conversa entre Donald Trump e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

- "Não cumprem suas promessas" -

As ruas de Teerã, embora não tão movimentadas quanto de costume, pareciam retornar à sua agitação habitual nesta terça-feira, após o anúncio do fim das hostilidades.

"Não acho que vá durar", disse Ahmad Barqi, um vendedor de eletrônicos de 75 anos. "Gostaríamos que fosse respeitado, mas eles não o aplicam, não cumprem suas promessas", disse, referindo-se aos israelenses.

Na madrugada desta terça, Trump anunciou que os dois países haviam chegado a um acordo de cessar-fogo "total e completo" que deveria levar a um "fim oficial" do conflito.

O Catar afirmou que havia "persuadido o Irã" a aceitar a trégua e pediu que Washington e Teerã retomassem as negociações sobre seu programa nuclear, que foram interrompidas pela guerra.

Antes do anúncio do cessar-fogo, os serviços de emergência israelenses relataram quatro mortes em Beersheva (sul), onde um prédio residencial foi destruído.

No Irã, um ataque na província de Guilan (norte), matou nove pessoas e destruiu quatro edifícios residenciais, segundo a agência de notícias Fars, antes de Trump anunciar o cessar-fogo.

Um cientista nuclear também foi morto em um ataque israelense, segundo a imprensa estatal.

No Irã, a guerra deixou pelo menos 610 mortos e mais de 4.700 feridos, segundo um balanço oficial que inclui apenas vítimas civis. Os disparos iranianos contra Israel deixaram 28 pessoas mortas, segundo autoridades.

Desde 13 de junho, Israel bombardeou centenas de instalações militares e nucleares iranianas, matando funcionários de alto escalão iranianos e cientistas envolvidos no programa nuclear.

- Represálias "proporcionais" -

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), considera impossível, no momento, avaliar os danos e pediu acesso às instalações iranianas.

Os especialistas acreditam que o Irã pode ter retirado seu material nuclear das instalações atingidas e Teerã afirmou que ainda possui estoques de urânio enriquecido.

No entanto, a AIEA afirma não ter evidências de um "programa sistemático" para fabricar uma bomba atômica no Irã.

Impulsionadas pelo cessar-fogo, as bolsas de valores subiram em todo o mundo por volta das 14h GMT (11h em Brasília), enquanto os preços do petróleo caíam.

F.Francois--JdCdC