

Calma retorna ao sul da Síria após semana de violência que deixou 1.000 mortos
A província de Sweida, no sul da Síria, retornava a uma relativa calma neste domingo(20), segundo uma ONG e correspondentes da AFP, após uma semana de violência entre grupos locais.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) contabilizou mais de 1.000 mortes desde o início dos confrontos, que eclodiram em 13 de julho entre drusos e beduínos sunitas na região de Sweida.
Presentes nos arredores da cidade, jornalistas da AFP relataram que não houve confrontos pela manhã e que comboios humanitários se preparavam para entrar.
Desde a meia-noite, "Sweida tem estado relativamente calma", disse o OSDH, acrescentando que forças de segurança bloquearam estradas que levam à província para impedir a chegada de combatentes tribais.
O governo anunciou o fim dos combates na cidade predominantemente drusa, que havia sido tomada por grupos dessa minoria religiosa.
O Ministério do Interior anunciou durante a noite que todos os combatentes haviam sido evacuados e que os confrontos haviam cessado.
Um porta-voz do Conselho Sírio de Tribos e Clãs confirmou à Al Jazeera que eles deixaram a cidade "em resposta ao apelo da Presidência e aos termos do acordo".
O presidente interino Ahmad al-Chareh, que assumiu o poder após derrubar o presidente Bashar al-Assad em dezembro, reafirmou seu compromisso com a proteção das minorias no sábado e destacou "o importante papel dos Estados Unidos, que confirmaram seu apoio à Síria".
O enviado especial dos EUA para a Síria, Tom Barrack, disse neste domingo que o país está em um "momento crítico" e pediu que "a paz e o diálogo prevaleçam".
O anúncio de cessar-fogo em Damasco ocorreu poucas horas após Washington anunciar que havia intermediado uma trégua entre Israel e a Síria para evitar uma escalada.
Israel bombardeou alvos estatais em Sweida e Damasco no início desta semana.
No sábado, Damasco anunciou um cessar-fogo na província de Sweida e começou a redistribuir suas forças com o objetivo de restaurar a paz.
- 128.000 deslocados -
O governo já havia destacado suas forças em Sweida na terça-feira, mas as retirou após o bombardeio israelense.
Israel afirma que quer proteger a minoria drusa e se sente ameaçado pela presença de forças sírias perto de sua fronteira.
O cessar-fogo entre a Síria e Israel foi então acordado.
Neste domingo, comboios humanitários se preparavam para entrar na cidade, segundo correspondentes da AFP. Mas ainda não havia assistência médica, segundo um profissional de saúde local.
Os moradores, confinados em suas casas, estão sem eletricidade e água, e a comida começa a faltar.
"Até o momento, um total de 128.571 pessoas foram deslocadas desde o início das hostilidades", segundo um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que afirmou que as partidas de Sweida "aumentaram significativamente em 19 de julho, com mais de 43.000 deslocados em um único dia".
Imagens da AFP mostraram combatentes tribais em Sweida no sábado, alguns com os rostos cobertos, disparando armas automáticas.
Um correspondente da AFP viu dezenas de casas e carros incendiados e homens armados queimando lojas após saqueá-las.
O grupo Estado Islâmico controlava grandes áreas dos territórios sírio e iraquiano antes de ser derrotado em 2019. Mas manteve sua presença, principalmente no deserto da Síria.
A nova violência entre comunidades enfraqueceu ainda mais o poder de Chareh em um país marcado por quase 14 anos de guerra civil.
Em abril, os combates mataram mais de 100 pessoas e, em março, massacres deixaram mais de 1.700 mortos, segundo um relatório do OSDH.
G.Guillet--JdCdC