

Lisa Cook, governadora do Fed, processa Trump por tentar demiti-la
Lisa Cook, governadora do Federal Reserve (Fed), entrou com uma ação judicial nesta quinta-feira (28) contestando a decisão de Donald Trump de removê-la do cargo, em meio aos esforços crescentes do presidente americano para controlar o banco central dos Estados Unidos.
Trump pede há meses que o Fed reduza drasticamente as taxas de juros. A saída de Cook, que se mostrou favorável a manter os juros inalterados, permitiria substituí-la por alguém mais alinhado a suas ideias.
A ação apresentada por Cook em um tribunal da capital americana, à qual a AFP teve acesso, "contesta a tentativa ilegal e sem precedentes do presidente Trump de destituir a governadora Cook, o que, se permitido, seria o primeiro caso desse tipo na história da Junta" de Governadores do Fed.
Cook busca uma decisão que confirme sua condição de governadora do Fed, o que lhe permitiria continuar cumprindo suas responsabilidades.
Ao solicitar "medidas cautelares e declaratórias imediatas", Cook também pede que se salvaguarde a independência dos funcionários do banco central, determinada pelo Congresso.
Na segunda-feira, Trump publicou uma carta na qual declarou ter demitido Cook "com efeito imediato". Ele citou acusações de declarações falsas em seus contratos hipotecários.
A Casa Branca disse, nesta quinta-feira, que Trump determinou que "existiam motivos para destituir uma governadora, que foi convincentemente acusada de mentir em documentos financeiros, de um cargo altamente sensível que supervisiona instituições financeiras", segundo um comunicado do porta-voz Kush Desai.
Cook, a primeira mulher afro-americana a integrar a Junta de Governadores do Fed, não foi acusada de nenhum delito e os supostos incidentes ocorreram antes de ela assumir seu cargo atual.
A lei federal estabelece que os funcionários do Federal Reserve só podem ser demitidos por "justa causa", o que poderia ser interpretado como má gestão ou descumprimento do dever.
A decisão de Trump marcou uma escalada drástica em sua tentativa de exercer controle sobre o Federal Reserve.
Até o momento, o republicano havia centrado suas críticas no presidente do Fed, Jerome Powell, a quem ele próprio indicou para o cargo durante seu primeiro mandato (2017-2021).
Trump considerou demitir Powell, mas recuou diante do nervosismo dos mercados financeiros.
Janet Yellen, ex-presidente do Fed e ex-secretária do Tesouro, expressou sua preocupação em um artigo de opinião na quarta-feira por ver a instituição se transformar em uma "marionete" às ordens do Executivo.
Segundo ela, Trump tenta "intimidar" todos os membros do comitê que decide sobre as taxas de juros, que são 12: sete da Junta de Governadores, quatro presidentes regionais que mudam a cada ano e o presidente do Federal Reserve de Nova York.
R.Roussel--JdCdC