

Rubio anuncia ajuda financeira e apoio dos EUA para Equador enfrentar o tráfico
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou, nesta quinta-feira (4), uma ajuda de quase US$ 20 milhões para o Equador enfrentar a violência provocada por múltiplas quadrilhas do narcotráfico e designou duas delas como organizações terroristas.
Em visita a Quito, o chefe da diplomacia americana estreitou os laços com o governo de seu aliado, o presidente Daniel Noboa, na luta contra o narcotráfico e subiu o tom contra o mandatário venezuelano, Nicolás Maduro, a quem chamou de "fugitivo da justiça americana".
Escoltado por um forte dispositivo de segurança no palácio presidencial Carondelet, em Quito, Rubio anunciou que os Estados Unidos destinariam quase US$ 20 milhões (R$ 109 milhões, na cotação atual) em ajuda para a segurança, incluindo US$ 6 milhões (quase R$ 33 milhões) em drones.
Ele também assinalou que os Estados Unidos vão designar os grupos criminosos Los Lobos e Los Choneros como organizações terroristas estrangeiras, o que as colocaria diretamente na mira dos Estados Unidos.
Noboa mobilizou as forças armadas para combater grupos criminosos que, nos últimos anos, transformaram o Equador em um dos países mais perigosos da América Latina.
Em suas declarações, Rubio assegurou que os Estados Unidos ajudam o Equador a "travar uma guerra contra estes animais selvagens, estes terroristas".
"Esta administração os está enfrentando como nunca antes tinham sido confrontados", acrescentou.
Noboa, de 37 anos, nasceu em Miami, cidade natal de Rubio, um americano de origem cubana, crítico ferrenho dos dirigentes de esquerda na América Latina.
- Maduro, um "fugitivo" -
A visita de Rubio ao Equador ocorre dois dias depois que forças americanas informaram terem destruído uma lancha no Caribe, supostamente usada para o narcotráfico por um grupo criminoso da Venezuela. Segundo o presidente americano, Donald Trump, a operação deixou 11 mortos.
Por este fato, o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, acusou os Estados Unidos de realizarem execuções extrajudiciais.
O secretário de Estado americano alertou que haverá mais ataques e, nesta quinta-feira, se referiu ao presidente venezuelano como um "fugitivo da justiça americana".
"Não só vamos perseguir os narcotraficantes com pequenas lanchas rápidas... O presidente disse que quer declarar guerra a estes grupos", afirmou Rubio.
A AFP não pôde verificar de forma independente os detalhes do ataque tais como foram apresentados pelos Estados Unidos.
Passam pelo Equador, vizinho do Peru e da Colômbia, os maiores produtores de cocaína do planeta, 70% da produção mundial do entorpecente, da qual quase a metade tem como destino os Estados Unidos.
- Aliança -
Reeleito em maio, Noboa é um empresário do setor bananeiro que consolidou seu poder no Equador desde sua surpreendente vitória nas eleições de 2023.
Para Rubio, ele poderia seguir os passos do presidente salvadorenho, Nayib Bukele, cuja guerra contra as gangues reduziu a violência do crime em seu país a níveis históricos, apesar das críticas de grupos de direitos humanos por se apoiar em um regime de exceção com prisões sem ordem judicial, entre outros abusos.
Desde que Noboa e Trump chegaram ao poder, os dois países consolidaram sua aliança. Quito recebe apoio logístico e de Inteligência de Washington, e recentemente restabeleceu a extradição de seus cidadãos para os Estados Unidos.
Além disso, Noboa planeja reformar a Constituição por meio de uma consulta popular para permitir o estabelecimento de bases militares estrangeiras no país.
Segundo a chanceler equatoriana, Gabriela Sommerfeld, "existe a possibilidade" de os Estados Unidos estabelecerem uma base em território equatoriano, como a que teve até 2009.
Rubio assegurou que vai "estudar" o projeto, pois o Equador "é um ponto muito estratégico".
"O Equador é um país soberano (...) Se nos convidarem, vamos considerá-lo", acrescentou.
O governo do esquerdista Rafael Correa (2007-2017) encerrou um acordo que permitia aos Estados Unidos realizar operações antidrogas a partir do porto pesqueiro de Manta (oeste).
F.Fournier--JdCdC