Journal du Club des Cordeliers - Ruim em matemática? A neuroestimulação pode ajudar, afirma estudo

Ruim em matemática? A neuroestimulação pode ajudar, afirma estudo
Ruim em matemática? A neuroestimulação pode ajudar, afirma estudo / foto: MAURO PIMENTEL - AFP/Arquivos

Ruim em matemática? A neuroestimulação pode ajudar, afirma estudo

Você tem dificuldade em matemática? Um estímulo elétrico leve do seu cérebro pode te ajudar, sugeriu, nesta terça-feira (1º), uma equipe internacional de cientistas, cujas conclusões lançam luz sobre a ligação entre a atividade cerebral e os processos de aprendizado.

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Publicadas na revista americana PLOS Biology, as descobertas podem ajudar a reduzir as lacunas cognitivas e construir uma sociedade intelectualmente mais igualitária, dizem seus autores.

"Cada pessoa tem um cérebro diferente, que controla muitos aspectos da sua vida", comentou o neurocientista da Universidade de Surrey Roi Kadosh, que dirigiu a pesquisa. "Pensamos no ambiente - se você frequenta a escola adequada, tem o professor adequado -, mas também faz parte da nossa biologia".

Kadosh e seus colegas recrutaram 72 alunos da Universidade de Oxford e escanearam seus cérebros para medir a conectividade entre três regiões-chave. Os participantes resolveram problemas de matemática que exigiam calcular as respostas ou lembrar de soluções memorizadas.

Conexões mais fortes entre o córtex pré-frontal dorsolateral, que regula a função executiva, e o córtex parietal posterior, envolvido na memória, antecipavam um desempenho melhor no cálculo.

Quando os pesquisadores aplicaram uma forma indolor de estímulo cerebral através de eletrodos, uma técnica conhecida como estimulação transcraniana por ruído aleatório, os participantes com baixo rendimento tiveram um aumento em suas pontuações de 25% a 29%.

A equipe acredita que a estimulação funciona potencializando a excitabilidade dos neurônios e interagindo com o Gaba, uma substância química cerebral que inibe a atividade excessiva, compensando de forma eficaz a conectividade neuronal fraca em alguns participantes.

O estímulo ajudou os alunos com baixo rendimento a atingir as pontuações dos colegas com conexões cerebrais naturalmente mais fortes. No entanto, aqueles que já tinham um bom desempenho não obtiveram nenhum benefício.

"Algumas pessoas têm dificuldades. Se pudermos ajudar seu cérebro a atingir o potencial máximo, criaremos muitas oportunidades para elas", disse Kadosh, que descreveu o momento como "emocionante" para a pesquisa sobre estímulo cerebral.

O neurocientista, no entanto, apontou uma preocupação ética: o risco de que essas tecnologias se tornem acessíveis para quem tem recursos financeiros, ampliando, em vez de reduzir, as lacunas de acesso.

"Se a nossa pesquisa for bem-sucedida para além do laboratório, poderíamos ajudar pessoas com dificuldade de aprendizado a realizar suas ambições e a ter oportunidades que, de outra forma, permaneceriam fora do seu alcance", disse Kadosh.

M.Morin--JdCdC